domingo, 18 de abril de 2010

O MENINO DAS AREIAS - Tributo à Saint-Exupèry


Tributo à Antoine de Saint-Exupèry


Elas te trouxeram do invisível em suas luzes,
para iluminar nosso império.
Abriste a casa de tua alma ao mundo,
e a tua linguagem foi transparente e límpida
como o coração do teu príncipezinho.
Cada pedra de tua cidadela interior
recende a perfume de tuas laranjeiras
"convém libertar a árvore e ela desenvolver-se-á
com toda liberdade" (*)
Enquanto amavas a liberdade, os homens
não se reconheciam mais, e estilhaçavam
seus tristes espelhos,
para não verem mais seus rostos.
Enquanto um ser humano partia e
"se tornava montanha e barrava o horizonte" (*)
hoje à luz de todas as estrelas o homem
se auto arbitra em trevas.
Mas tu permaneces, como as raízes,
como as tuas sentinelas a velar o essencial,
para que os rivais da alma humana
não destruam as rosas, não podem os laranjais,
não armem redes invisíveis para apanhar
a argila humana, aquela que tanto amavas.
"Só o Espírito, soprando sobre a argila,
pode criar o Homem" (*)



(*) Saint-Exupèry

Imagem: Google

(Direitos autorais reservados).

domingo, 14 de março de 2010

DESDOBRAM-SE OS SINOS


Desdobram-se os sinos
sobre os meus pensamentos.
Dobro as pálpebras sobre o violino,
arco-me ante o templo dos ventos.

Levo o horizonte nos meus braços
dessas tantas ausências em vão.
Vou nos acordes dos meus passos
cifrando-me em notas do coração.

Só sei essa canção que um anjo,
um dia, tocou pelos espaços
para despertar-me à imensidão.



(Direitos autorais reservados)


quarta-feira, 10 de março de 2010

AKIM

De que ramo nasceu essa flor...
talvez daquele que um anjo esqueceu
bem na palma da mão de Deus.

Veio talvez num arco-íris,
ou numa estrela em noite azul.
Faz-me rir, chorar,
e acreditar
que os homens
ainda podem ser Luz!



Vide Akim Camara

http://www.youtube.com/watch?v=DreyVZ49_mA

domingo, 28 de fevereiro de 2010

CHOVE LÁ FORA

Chove lá fora.
Por que estou aqui dentro,
sem memória, sem tempo,
não vou embora.
Chove lá fora.

A boca de prata
do céu desabou,
a estrada era clara,
a água levou.
Chove lá fora,
não vou embora,
não sei pra aonde vou.

Cismo esperanças
em meus olhos-criança
sem adeus de tesouros,
só dias de ouro.
Minha alma guardou.

Chove lá fora,
Parem as horas.
Me digam onde estou.


(Direitos autorais reservados).

sábado, 27 de fevereiro de 2010

CAMINHOS DAS ÁGUAS

Estranhos caminhos das águas,
nos lentos sorvos do mundo.
Nos olhos, nos cristais das casas,
são pérolas que emergem
de mares profundos.

Pousam nos lábios
como beijos de ventos.
Profanas, salgadas
pétalas de dor.
São melodias,
são faustos alentos.
Navegam na face
num sorriso de amor.

Águas me fogem
da face silente.
Paisagem lunar,
sou um veio vazio.
Leio nas pedras
(as que não sentem)
que eras deserto
e tomei-te por rio.



(Direitos autorais reservados).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

AQUELE INFINITO

Sou lua de silêncio e vento
náufraga e violino
dentro dos bosques.
Chamamentos,
que a claridade consome.
Verás meus pés guerreiros
cansados de tantas batalhas.
O que me foge no rosto
- aquele infinito
que em meus olhos desmaia.


(Direitos autorais reservados).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A PEQUENA FLOR


A pequena flor
habita a manhã
de um novo dia.

Dá as mãos às outras flores
para não se vergar aos ventos
e deixar de ser perfume.


Sorve a água das mãos
que a colhem
sempre que é preciso morrer
para renascer dentro de um coração.

A pequena flor...
em sua vida aberta para o mundo
e o ar na pele.
Esvoaçar lembranças
que engendrarão raízes
no lusco-fusco
das pálpebras dos sonhos.



(Direitos autorais reservados).
foto:http://flowersofhappinessandpeace.ning.com